O FOCO PARA 2021

O ano novo se inicia e as famosas metas eternamente inconclusas são retomadas. No entanto, existem algumas peculiaridades nas festividades deste ano. O voto de felicitações pelo novo ciclo ecoou discretamente. A confiança que nutre a expectativa de dias melhores esteve atordoada pela truculência global de 2020. A intensidade das cores e o brilho dos fogos que simbolizam a alegria e o otimismo da virada, diminuíram drasticamente! Na verdade, o mundo está pálido, fosco, desconfigurado e sem muitos motivos para sorrir. As celebrações foram discretas, muitos encontros familiares ocorreram apenas virtualmente e a mesa farta regada ao sorriso solto ficou deslocada diante do cenário com aparência de guerra.

A sociedade regada a músicas animadas e festas badaladas para minimizar a dor e o sofrimento do dia a dia está teoricamente impedida de recorrer a esta válvula de escape. O que resta é o encontro face a face com o vazio expresso em Eclesiastes, o pessimismo dos exilados na Babilônia e a frustração dos que tentaram construir Babel. Ao fechar a porta de 2020 cabisbaixos, amedrontados e inseguros, os seres humanos deveriam admitir a própria pequenez e fragilidade. As rotas que produziam uma felicidade momentânea e circunstancial estão bloqueadas e este cenário deveria produzir uma reflexão do quanto a existência é efêmera.

É importante destacar que se escancarou nesta tão sofrida nação a ganância, o descaso, a corrupção, a insensibilidade e o jogo de interesses de muitos diante de uma situação tão caótica. Por outro lado, seria injusto deixar de enfatizar o trabalho incansável de cientistas e pesquisadores, o zelo e a resiliência dos profissionais de saúde e a solidariedade de indivíduos, empresas e instituições. Provavelmente, estes heróis anônimos não serão destacados pelos poderes constituídos e nem mesmo pelos importantes canais de imprensa que estão mais interessados na própria sobrevivência.

A experiência de 2020 é apenas a confirmação do que as Escrituras enfatizam em todas as suas páginas. O mundo que ignora Deus e constrói seus belos, imponentes, estruturados e sofisticados castelos sobre a areia, sucumbe com o sopro de um vírus. É provável que em 2021 esta tempestade universal seja minimizada com vacinas e a humanidade retome os projetos de mega construções sobre a areia. O recomeço de uma frustrante jornada que conduz a lugar algum.

Por outro lado, a igreja militante segue com as marcas no corpo e na alma, finca as suas bases sobre a Rocha e avança, por vezes, exausta! Porém, esta igreja tem plena convicção que nem vírus, nem enfermidade e nenhuma outra adversidade pode nos separar do amor de Cristo. “37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” Rm 8.37-39. Em 2021, mantenha o foco, apegue-se ao Eterno e a todos os seus valores, siga firme e creia que, em Cristo, a igreja militante também é triunfante, afinal, somos mais que vencedores!

Feliz 2021!

Rev. Alexandre Rodrigues Sena